A triste notícia de um incêndio lambendo o prédio 1 do Hospital Federal de Bonsucesso, no Rio de Janeiro, que resultou na morte de cinco pacientes, reacendeu o debate sobre as condições de segurança das unidades de saúde do Brasil. Um levantamento realizado pelo Instituto Sprinkler Brasil, já contabilizando o sinistro do HFB, mostrou que, a cada seis dias, um hospital pega fogo no país. Ao todo, 45 unidades de saúde foram incendiadas entre janeiro e outubro de 2020, um aumento de 96% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Há pouco mais de um ano, em setembro de 2019, o Hospital Badim, também na Zona Norte da capital fluminense, foi lambido pelas chamas. Na ocasião, 25 pessoas morreram, 13 delas de causas diretamente ligadas à inalação de fumaça tóxica. Nesta semana, o laudo produzido pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli mostrou que o fogo começou no gerador da unidade.
Esse tipo de ocorrência é chamado pelos especialistas de “incêndios estruturais” por serem considerados evitáveis a partir de manutenção e da instalação de sprinklers. “Começamos a contabilizar os incêndios noticiados pela imprensa por falta de dados estatísticos oficiais no país e, por isso mesmo, sabemos que o número real é muito maior. Só neste mês de outubro, um shopping em Aracaju pegou fogo e um galpão em Goiânia também”, disse Marcelo Lima, diretor-geral do IBS.
Para ele, existe uma série de fatores que colabora para o crescimento do número de casos. Se por um lado existe falta de fiscalização e de dados oficiais publicados pelo Corpo de Bombeiros, por outro, há falta de prevenção e a sobrecarga do sistema elétrico dos hospitais, especialmente nestes tempos bicudos de pandemia. “Se a gente não sabe o tamanho do problema, não consegue traçar planos para atacá-lo e evitar novas tragédias”, pondera Lima.