BRASÍLIA – Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) revelou que a transição do governo de Jair Bolsonaro para o de Luiz Inácio Lula da Silva foi iniciada como medida para lidar com a mobilização dos caminhoneiros em protesto nas rodovias. Os manifestantes se recusavam a reconhecer a vitória de Lula no segundo turno das eleições de 2022.
“Nós fomos orientados pelo presidente a iniciar a transição durante o período de greve dos caminhoneiros”, afirmou Ciro. “Era necessário que o presidente se manifestasse e que a transição começasse para que os caminhoneiros encerrassem os bloqueios nas estradas. Pedi que fizéssemos um comunicado conjunto para dar início à transição, e foi assim que ele determinou”, explicou.
Ciro Nogueira liderou a transição para o governo de Lula, tendo sido designado para essa função em novembro de 2022 pelo então presidente Bolsonaro, quando ocupava o cargo de ministro da Casa Civil.
Durante a audiência, o senador negou ter tido conversas com teor golpista com o ex-presidente e afirmou que Bolsonaro não tentou interferir no processo de transição. “Tudo transcorreu normalmente, o presidente nunca tentou dificultar a transição de forma alguma, pelo contrário, ele agiu para garantir que fosse feita da melhor maneira possível”, declarou Nogueira.
Essas informações foram prestadas por Ciro Nogueira no âmbito da ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado, na qual ele atua como testemunha do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e do próprio Bolsonaro.
O conteúdo original foi publicado no site do Jornal de Canoas.
Ciro Nogueira revela que Bolsonaro agiu estrategicamente para evitar greve de caminhoneiros
