Quando foi convidado para ser ministro-chefe da Casa Civil, o general da reserva Braga Netto, ex-interventor na segurança pública do Rio de Janeiro, ganhou uma missão: colocar ordem na Esplanada dos ministérios. A ideia do presidente era arregimentar a sua equipe sob o comando de alguém mais linha-dura. Mas, após oito meses no posto, o militar tem gerado constrangimentos.
Em uma reunião recente no Palácio do Planalto, Braga Netto enquadrou Tereza Cristina. A ministra da Agricultura pediu a palavra para expor um assunto da sua pasta, mas o militar não a deixou falar, porque ela não havia se inscrito previamente para fazer uma exposição. O episódio deixou alguns presentes desconcertados.
No auge da pandemia da Covid-19, o ministro da Casa Civil também causou um mal-estar entre os seus colegas de governo quando passou a comandar as entrevistas coletivas. Mesmo os ministros mais experientes do governo deveriam respeitar um determinado tempo de exposição e um roteiro combinado com Braga Netto. Se o assunto fugisse da pauta, o militar logo intervinha ou passava uma “cola” para evitar respostas polêmicas.
Em sua gestão, o militar passou a criar uma série de grupos de trabalho, o que lhe rendeu o apelido de “rei dos comitês”. Recentemente, ele criou o Comitê Interministerial de Planejamento da Infraestrutura, que, sob o seu comando, tem como objetivo alavancar obras em todo o país. Com viés desenvolvimentista, Braga Netto defende que o crescimento econômico após a crise da pandemia da Covid-19 será retomado com investimentos em estradas, portos e ferrovias – uma bandeira que incomoda o chefe da equipe econômica, Paulo Guedes.
Em julho passado, a coluna Radar revelou que a filha do general foi indicada para ocupar um cargo na Agência Nacional de Saúde (ANS), com salário de 13 000 reais. A jovem, formada em design, havia sido aprovada pela Casa Civil, chefiada pelo general. Sob pressão, a indicação foi suspensa. O general culpou os adversários de dentro do governo pelo vazamento da informação.